1. Introdução
No panorama cultural contemporâneo é sempre mais difícil encontrar figuras de pensadores que oferecem chaves de interpretação da realidade complexa não apenas com teorias sofisticadas, mas também com o testemunho de uma vida. No mundo pós-moderno, feito de relações líquidas, como as define o sociólogo polonês Bauman (Cf. Bauman, 2003), o empenho por uma causa justa, por um compromisso duradouro, por uma relação afetiva assume uma conotação de algo obsoleto, fora do tempo. Não sabemos, ou melhor, não conseguimos afirmar com tanta segurança se, como afirma Vattimo, o relativismo seja a conseqüência lógica do Cristianismo, e o niilismo a palavra final da metafísica Ocidental (Cf. Vattimo, 2004). Na realidade o homem almeja algo de grande e sente dentro de si o anseio para o Absoluto. Seja o que for, é difícil acreditar que nascemos apenas para morrer. Por isso quando deparamos com as páginas das obras de uma autora como Simone Weil que fez da própria vida uma busca constante e insaciável da Verdade, ficamos pasmos, atentos, não querendo perder nenhuma palavra do seu discurso empolgante e, ao mesmo tempo, cativante. Simone Weil, cujo centenário do nascimento foi celebrado no 2009, além de oferecer nas suas densas páginas conteúdos de grande profundeza filosófica, aponta um método para as novas gerações. De fato, folheando as páginas não apenas das obras, mas também dos diários desta jovem mulher, deparamo-nos com um caminho feito de uma constante atenção para o objetivo mirado, unido a uma espera paciente da resposta desejada. Nada, então, de busca sistemática a qualquer preço, mas sim, um caminho atento em busca de uma verdade que fica sempre na nossa frente e sempre se oferece àqueles que a sabem atender com amor. Nas páginas seguintes queremos apresentar aquilo que para nós representa o âmago da reflexão de Weil, uma espécie de chave de entrada da sua filosofia. O tema amor, de fato, além de ser presente de modo impressionante na obra de Simone Weil, oferece também uma resposta ao seu estilo de vida tão rico de amor para com todas as pessoas que encontrava e, em especial, para os mais sofridos e marginalizados.
2. Do lado dos mais pobres
A vida de Simone Weil foi caracterizada por um fortíssimo sentimento de justiça social, de solidariedade com os mais pobres. Isso não foi fruto de ensinamentos, de educação, era algo que ela tinha dentro de si mesma. As biografias narram que desde criança se privava de alimentos para solidarizar-se com os mais pobres. Queria ser igual aos outros para não feri-los. “Seria melhor que todos fossem vestidos do mesmo jeito, assim não se veriam as diferenças” (Fiori, 1997 p., 34). Filha do médico Bernard Weil e de Selma Reinherz, família de classe elevada de Paris, Simone sempre se queixava desta origem burguesa, pois teria preferido nascer de uma família pobre. Era acostumada a vestir-se com roupa simples, até transcurada, parecendo um pouco desleixada, ao ponto de as pessoas mais próximas, além de repreendé-la, às vezes, sentiam vergonha de sair com uma mulher trajada daquele jeito esquisito. Na realidade o jeito de Simone vestir, refletia um estilo de vida, um jeito de ser, não apenas anticonformista, mas sim uma busca profunda da verdade que a levava a dar pouca importância para todo aquilo que é exterior. Aos olhos dos amigos, às vezes, Weil parecia até desumana, pela distancia com que ela considerava a realidade, os elementos básicos da vida como o vestir e o comer. Sentia-se atraída por instinto por tudo aquilo que simbolizava a pobreza, o miserável, os fora da lei. “Um dia arrastou-me para dentro de um bar muito esquisito; estava toda emocionada, pois queria me apresentar uma pessoa tatuada, estranha: era fascinada por ele, para ela era um gênio” (Fiori, 1997, p. 67). O estilo de vida simples era a expressão da busca insaciável da verdade que a levava a passar horas debruçada sobre os livros esparramados no quarto. Amava o compromisso total, a ação fruto de um pensamento profundo. Por isso não amava o saber fim em si mesmo, nem se refugiava nos livros, mas a cultura era finalizada para uma melhor compreensão dos homens, da condição humana, sobretudo quando esta condição era ameaçada por causa das injustiças sociais. Trabalhar, estudar, pensar eram o seu programa de vida. Pensamento como trabalho, por isso dedicava muito tempo à leitura dos clássicos, na consciência de que o pensamento dos Grandes é feito pela vida. “Não existem ideias verdadeiras em si mesmas, mas sim pensamentos verdadeiros, homens verdadeiros” (Fiori, 1997, p. 63). De onde Simone Weil assimilou esta forma impressionante de busca da verdade, de atenção constante ao objeto de estudo, sem tirar o fôlego, concentrada num pensamento até que vire ação? Junto com algumas predisposições naturais ao estudo especulativo evidenciadas desde criança, encontrou no filosofo Alain e na filosofia dele, o método necessário para a síntese entre ação e teoria. Alain era o professor de filosofia Emile Chartier que ministrava o curso de preparação para a Escola Normal Superior de Paris, no Liceo Henri IVº. Simone Weil era uma das poucas mulheres que se inscreveram ao curso do 1925-26. “Conhecer com clareza as coisas, o próprio relacionamento com as coisas, e a si mesmos; conhecer a própria paixão e dominá-la, para vivê-la em sentimentos autênticos” (Fiori, 1997, p. 60). É com este tipo de ensinamentos que Simone Weil amadureceu na adolescência, finalizando isso em textos que o professor Alain solicitava, textos que se tornaram o instrumento da elaboração filosófica que moldou a futura obra da nossa autora.1 Alain era um grande admirador de Sócrates e fazia da maiêutica o seu método de ensinamento ajudando os estudantes a buscarem a verdade com o esforço do próprio intelecto, aprendendo a saborear o gosto de uma idéia, um conceito fruto do próprio esforço intelectual. Alain achava que as grandes filosofias não é possível explicá-las com causas históricas; a história se aprende sobretudo lendo as obras originais, as memórias, os diários. Alain professava uma metafísica da liberdade e do valor do individuo. Buscar a verdade com as forças do próprio intelecto, segundo a ideia até quando se torne clara e possa ser visível na ação. Este tipo de lição, numa pessoa sedenta de verdade autêntica como era a jovem Simone, provocou o despertar de um caminho dialético, uma espécie de circulo hermenêutico que das teorias dos grandes autores, devidamente analisados e interiorizados, ia transferindo em experiências praticas para encontrar a confirmação desejada. Ação e experiência que se tornavam campo especifico para uma ulterior reflexão, aprofundamento na consciência que a verdade não é algo de fixo e fora do tempo, mas sim escondida entre as linhas da história. Não é uma caso que encontramos a Weil nos anos sucessivos, envolvida numa série de ações inexplicáveis para uma filosofa, mas em acordo com linha do pensamento dela. Desde 1924 Simone almeja se tornar operária e é por essa razão que participa de vários conflitos sociais sem nunca entrar no partido comunista.2 Participa de manifestações sindicais em prol dos mineiros, e dá cursos gratuitos para operários. Este sonho de trabalhar numa fabrica se realiza em dezembro de 1934 quando Simone Weil entra como servente numa fabrica de construções elétricas e mecânicas, a Alsthom. A Weil quis entrar na fábrica porque pensava que somente o conhecimento direto daquela vida teria permitido a ela penetrar nos relacionamentos íntimos entre os trabalhadores e o trabalho. Além disso, somente experimentando diretamente o trabalho da fábrica, a vida dos operários, podia avaliar as profundas análises que nestes últimos anos andava elaborando e que confluíram num ensaio de mais de cem páginas que ocuparam boa parte de 1934: Reflexões sobre as causas da liberdade e da opressão social.3 Na Europa Ocidental dos anos Trinta a classe operária era sem dúvida a classe social mais oprimida e pobre. Por uma mulher como a Weil que se sentia intimamente atraída pelos mais pobres e injustiçados, viver uma experiência direta na fábrica fazendo parte desta classe oprimida que ela tanto amava, era algo de extremamente gratificante. Simone Weil se fez operária para escolher o ponto de vista daqueles que vivem embaixo da sociedade, daqueles que não possuem nada. Neste novo contexto de vida a Weil não apenas experimenta na própria pele a dureza do trabalho, como inicia uma profunda reflexão sobre a condição operária e as causas da opressão social, que fornecerão o material de alguns importantes trabalhos de crítica social. Que tipo de existência vive uma pessoa que passa dez horas por dia numa fábrica repetindo os mesmos gestos? Quais são as conseqüências desta atividade e deste estilo na estrutura espiritual de uma pessoa? É com estas e outras inquietantes perguntas que a Weil, aos vinte e cinco anos de idade, deixa o confortável trabalho de professora de filosofia na escola de segundo grau, para abraçar não apenas um trabalho pesado e humilde, mas sim toda uma causa de uma classe social, a operária, amiúde explorada e desprezada. É na própria pele que a Weil experimenta o cansaço físico, aquele cansaço que não lhe permite mais pensar, pelo menos pensar com aquela intensidade com a qual era acostumada a pensar, desde os tempos das aulas de Alain. No diário de fabrica4 Simone Weil anota minuciosamente aquilo que acontece na fábrica, o tipo de trabalho, até as anotações sobre os colegas operários. “Forno. Canto muito diferente, embora ao lado da nossa seção. Os chefes nunca vêm aqui. Atmosfera livre, fraterna, nada mais de servil e mesquinho […] Inúmeros cálculos para medir. A maior parte do tempo se trabalha em dois ou até mais” (Weil, 1996, p. 93). No trabalho o operário não tem tempo para pensar e para cuidar da própria alma, e Weil percebe que a salvação da mente e também da alma, na vida da fábrica, depende, na maioria dos casos, dos operários terem constituição física robusta.
O esgotamento acaba para me fazer esquecer os verdadeiros motivos de minha estada na fabrica, torna quase invencível para mim a tentação mais forte que esta vida inclui: a de não pensar mais, o único meio de não sofrer com ela. Só no sábado à tarde e no domingo é que minhas lembranças voltam — farrapos de idéias! — que me lembro de que sou também um ser pensante. Pavor que me domina quando constato a dependência em que me acho das circunstâncias exteriores (Weil, 1996, p. 80).
Depois de três experiências diferentes de trabalho de fábricas,5 Simone Weil é forçada a abrir mão disso, por causa da fraqueza do seu físico frágil e franzinho que não agüentava o peso desta vida. Na reflexão que Weil realizou no fim desta experiência, na qual percebeu não apenas a dureza de uma vida baseada sobre a força e a resistência física, mas também a grande humilhação em que o operário vive,6 a levou à percepção do fracasso da proposta da sociedade do seu tempo. “O sentimento de dignidade pessoal tal qual o fabricou a sociedade está desfeito. É preciso forjar um outro” (Weil, 1996, p. 107). É a partir desta tomada de consciência que Simone Weil sentirá a exigência de aprofundar sempre mais o sentido da opressão social. Fruto desta nova fase são as reflexões feitas num livro que será publicado póstumo: O Enraizamento (Weil, 2001). Aquilo que pela nossa pesquisa é importante é tentar aprofundar um tema que marca profundamente a reflexão da Weil não apenas nesta época, mas também é algo que brota como uma fonte em toda a existência desta grande e jovem filósofa. É o tema do amor enfrentado não apenas em ensaios específicos que daqui a pouco iremos analisar, mas também em inúmeras páginas dos diários.7
3. O caminho do amor
Nas numerosas páginas dos textos que Simone Weil escreveu nos poucos anos de vida tem um tema que recorre com insistência impressionante: o amor. O dado que a chama atenção é que Weil raramente argumenta sobre o amor sem falar de Deus. Um primeiro elemento do amor é que é um dom e, por isso, não depende dos nossos esforços humanos tê-lo ou não. O amor é como o sol e não somos nós que buscamos a energia solar: podemos somente recebê-la.
Não somos nós que andamos a busca da energia solar: podemos somente recebê-la. É ela que desce até nós. Penetra nas plantas, é sepultada com a semente debaixo da terra, nas trevas, e é ali que alcança a plenitude da fecundação e suscita o movimento de baixo para cima, que faz crescer o trigo e a arvore (Weil, 1979, p. 82).
O relacionamento entre o homem e o amor é como o trabalho do camponês. De fato, ele não vai em busca da energia solar, mas dispõe as coisas de uma maneira que as plantas, por si mesmas, são capazes de captar a energia solar, possam recebê-la. O trabalho que o homem deve fazer consiste, então, em dispor a própria alma para receber o amor de Deus. O amor pode ser somente acolhido e o esforço humano deve ser realizado na direção de preparar o campo para acolhê-lo. É este o sentido profundo da espera. Existe uma radical passividade da humanidade, da natureza humana no confronto do amor, da mesma maneira que existe um abismo entre Deus e o homem. Por isso o homem não pode fazer absolutamente nada para conseguir o amor a não ser a disponibilidade para acolhê-lo. Este anseio que o homem sente para o amor de Deus manifesta, secundo Weil, outro dato fundamental: o relacionamento entre criador e criatura. De fato:
foi um amor inconcebível a empurrar Deus a criar seres tão longe dele. E graças a este amor inconcebível Ele descende até eles. E por um amor de outra maneira inconcebível que eles em seguida remontam até Ele. Trata-se do mesmo amor: eles podem remontar até ele somente graças ao amor que Deus impeliu neles quando Ele mesmo foi buscá-los (Weil, 1979, p. 74).
Existe somente um amor que qualifica a realidade e este é o amor de Deus que molda o cosmo e a humanidade. Weil chama este amor, que o homem busca desde sempre iluminação, uma ideia claramente de cunho platônico, como pelo resto várias imagens que a nossa filósofa utiliza para definir o relacionamento Deus-homem, entre eles o conceito de subida.8 É neste relacionamento do homem com Deus, que o mesmo homem percebe a própria mediocridade que, porém, não é considerada segundo a Weil, de forma negativa, mas sim instrumento para colher a grandeza do amor de Deus que mantém na existência um ser medíocre. Precisa de muita paixão para amar aquilo que é qualitativamente inferior e, de fato, para Weil, a criação não é nada mais que uma história de paixão. “A paixão não concebível sem a criação. Também a criação é paixão”.
Como é que podemos ter a certeza de que estamos no caminho certo na busca do verdadeiro amor? Que sinal deixa na nossa alma o amor de Deus? A resposta de Simon Weil a esta pergunta é inquietante. Segunda a nossa filósofa a verdade do amor de Deus em nós se manifesta na capacidade de amá-lo através do mal. Amar a Deus somente através das coisas boas cria com o tempo a ilusão de Deus, uma projeção das nossas idéias, da nossa maneira de ver a realidade. Amar a Deus acompanhando somente a via positiva, o caminho das coisas boas, leva à idolatria, pois projetamos em Deus as nossas experiências sensíveis, e não expressamos o fruto de uma escuta que vem de uma acolhida de algo que pode somente ser doado e, por isso, acolhido. Amar a Deus através do mal significa ter compreendido que todo evento é real e, atrás de cada evento, está Deus. É verdade que existem algumas realidades mais transparentes para perceber a presença de Deus e outras menos, mas, nem por isso, podemos negar uma presença que é real também se for qualitativamente inferior. “Nós devemos exclusivamente nos preocupar em dirigir o nosso olhar para o ponto em que Ele se encontra, seja o não visível” (Weil, 1979, p. 105). É esta uma indicação de grande espessura espiritual, que deriva de uma alma treinada na busca autêntica do amor. Quem busca o amor de Deus pode incorrer em dois perigos antitéticos: de uma lado pode se apoiar somente nos dados sensíveis, transparentes que Deus concede na realidade, tornando com o tempo a própria sensibilidade religiosa extremamente materialista. O risco nesta altura é de confundir Deus com os sinais externos, matérias, que ele deixa. Do outro lado, o risco é idealizar Deus sem levar em conta os sinais visíveis que Ele mesmo deixa no cosmo e que permitem para o homem perceber a própria natureza da criatura relacionada ao criador. Uma alma afinada na busca do amor de Deus procede para Deus em todo momento da realidade, pois, quando não enxergamos Deus, quando a realidade de Deus não aparece sensivelmente em lugar nenhum da nossa alma, para poder amá-lo devemos nos esforçar em sair de nós mesmos. Isso significa amar a Deus. Para amar a Deus precisamos manter o olhar constantemte fito nele: somente assim podemos percebê-lo continuamente também nos momentos de opacidade. Por isso precisamos ficar imóveis que, para Simon Weil, não significa abster-se da ação, mas aprender a fazer somente aquilo por que somos forçados a uma obrigação verdadeira e, depois fazer somente aquilo que achamos que Deus está querendo de nós. Para a nossa autora, se quisermos aprender a manter, em nossa existência, o olhar fito em Deus para podermos acolher o seu amor, devemos portanto, antes de mais nada, aprender um principio espiritual fundamental: aprender a não fazer esforços de vontade, no âmbito da ação, se não por uma obrigação autêntica. O modelo de tudo isso para a Weil é a cruz de Cristo. Se quisermos que o amor de Deus molde todo elemento da existência humana, então não tem outro caminho que fitar os olhos em Deus e manter o olhar fixo Nele. O esforço é duríssimo pois, a parte medíocre de nós se recusa e, para sair disso, inventa toda sorte de mentira. A primeira destas mentiras é a idolatria.
Nos iludimos de pensar a Deus enquanto na realidade amamos as criaturas que nos falaram dele ou um certo ambiente social, ou algumas tradições, o a paz da alma, uma qualquer fonte de alegra sensível, de esperança, conforto, consolação. Nestes casos a parte medíocre da alma é quase totalmente segura: a mesma oração não é ameaçada (Weil, 1979, p. 107).
. A segunda mentira que a parte medíocre da alma inventa para sair do olhar de Deus é a ilusão. Esta chega até nós através do prazer e da dor. O prazer e a dor exigem renúncias que se tornam insuportáveis quando o objeto delas é Deus. De fato, a renúncia verdadeira ao Deus verdadeiro leva para uma morte muito mais radical que a morte física, pois se trata da morte do nosso “eu” ao qual não queremos renunciar. Por isso aquilo que amiúde chamamos de queda causada pelo prazer, não são nada mais que ilusões criadas pela mesma alma para fugir do olhar de Deus que exige a morte de nós mesmos, do nosso egoísmo, do ídolo que somos nós mesmos.9 O amor de Deus exige uma disciplina interior muito grande e, sobretudo, a disponibilidade de sair de si mesmo. Por isso, todo esforço deve ser feito para aderir constantemente aquela parte do nosso eu que busca Deus, pois a parte medíocre do nosso eu inventa sempre algo para nos tirar deste olhar puro. A parte medíocre de nós, às vezes apresenta-se com pretensões de conhecimento sobre os caminhos da salvação, desfazendo assim da espera de Deus. Existe um esforço mal dirigido a Deus, um esforço organizado pela parte medíocre de nós mesmos que concentra todo o caminho espiritual da busca ao amor de Deus, naquilo que humanamente é possível. Neste sentido são lindas as palavra de Weil para explicar o relacionamento do homem com Deus:
Olhar a Deus significa amá-lo. Não existe outra relação entre Deus e o homem além do amor. Mas o nosso amor para Deus deve ser como o amor da mulher para o homem, ou seja, amor que não tem a ousadia de tentar nenhuma avance, amor que é pura espera. Deus é o esposo e cabe ao esposo avançar rumo aquela que Ele escolheu, falar, conduzi-la consigo: a esposa deve somente atender (Weil, 1979, p. 110).
3.1. O amor de Deus e a infelicidade
Acompanhar a reflexão da Weil sobre o amor necessita de algumas considerações importantes. A primeira é sobre o mesmo método filosófico escolhido por ela. Folheando a densa e profunda prosa da nossa filosofia deparamos numa série infinita de anotações, considerações nem sempre em harmonia entre elas. Além disso, as páginas dos diários são um constante dialogo com varias tradições filosóficas e religiosas das quais a Weil absorve elementos para aprofundar a própria reflexão que, de certa maneira, permanece aberta, inconclusa. Este método permite a Simone Weil de aprofundar lentamente intuições já presentes nas obras da juventude e que vão se aprofundando progressivamente. Isso vale também pelo tema que estamos analisando e que perpassa toda a obra Weeliana e que chega a considerações surpreendentes. De fato, segundo Weil, é impossível conhecer o amor de Deus a não ser dentro de uma situação de infelicidade. “A infelicidade é o sinal mais certo que Deus quer ser amado por nós” (Weil, 2007, p. 105). O porquê disso é possível entendê-lo somente analisando a fenomenologia da infelicidade humana para depois pô-la em relação com a máxima expressão da mesma, ou seja, a cruz de Cristo. Conforme um sentido comum, também a Weil declara que não existe ninguém que deseje por si mesmo viver uma situação de infelicidade. Esta não pode ser confundida com o sofrimento, pois é algo de mais profundo. É a dor física prolongada e inesperada que provoca o estado de infelicidade, pois “nesta terra somente a dor física é capaz de algemar o pensamento”. A infelicidade arrasta todo o ser do homem nesta experiência de aniquilamento e afeta todas as dimensões da sua existência: social, psicológico e físico. Além disso, a infelicidade endurece o homem, rende-o desesperado, pois imprime na alma uma sensação de menosprezo, de desgosto, junto a um sentido radical de culpa que o exclui progressivamente do ambiente social. De uma certa maneira a infelicidade priva as suas vítimas da personalidade, e mesmo da identidade, transformando-as em coisas frias, tirando o calor da vida e do amor. É impossível entender esta situação existencial sem considerar o sentido da criação e da essência de Deus. Deus é amor e este amor é expressado na sua forma mais sublime, na Trindade, pois é ali que se manifesta o amor no seu sentido mais profundo que é a unidade. Neste sentido a criação é separação e a essência da criação é a necessidade, que revela a totalidade da ligação da matéria ao criador. O problema espiritual que a Weil adverte nesta análise é a incapacidade antropológica do homem de entender isso, ou seja, que a matéria é necessidade de Deus, e que desta necessidade o mesmo homem faz parte. Afastando-se de Deus o homem cai na ilusão de ser ele o protagonista da sua vida, e que tudo depende da sua vontade.
Cristo nos propus como modelo a docilidade da matéria, nos aconselhando de observar os lírios do campo, que não trabalham. Ou seja eles não se propuseram de se revestir daquele o de uma outra cor: não fizeram nada para obtê-lo; simplesmente acolheram tudo aquilo que a necessidade natural oferecia para eles (Weil, 1979, p. 135).
A matéria é bonita não quando é dócil ao homem, mas sim quando o é a Deus. O homem é naturalmente levado a se distanciar de Deus, procurando criar o próprio mundo com a própria vontade e, desta maneira, criando, por si mesmo, a impossibilidade de conhecer o amor de Deus, que exige obediência, passividade, docilidade. Segundo Weil é este o sentido das palavras de Jesus quando pedia para os discípulos a capacidade de levar a própria cruz. “Levar a própria cruz significa saber que somos inteiramente submetidos à cega necessidade em toda parte do nosso ser” (Weil, 2003, p. 78). A infelicidade é a única situação existencial que permite ao homem captar a própria distância de Deus, de silenciar a própria vontade, os próprios projetos, a própria visão do mundo para escutar o silencio da matéria, a sua necessidade, a sua obediência ao plano de Deus. É no esmagamento da carne humana que o homem tem a chance de se aproximar da verdade da realidade, que não é obra humana, mas sim divina. Sem dúvida nem todo infeliz entende isso, também porque, como já dizíamos antes, existe uma resistência radical e existencial á infelicidade e, antes de ser um espaço para Deus se revelar do jeito que Ele é, a infelicidade é o campo da luta extrema do homem que não quer morrer. Por isso em muitos casos a infelicidade, longe de ser o espaço da manifestação da verdade, se torna o ambiente ideal da fuga pela mentira. “A mentira é tão profundamente interligada à mentira que Cristo venceu o mundo pelo simples fato eu, sendo a Verdade, permaneceu Verdade até a extrema infelicidade” (Weil, 1979, p. 191). Assentir à existência do universo na sua necessidade, na sua relação com Deus é a nossa função terrena e, para isso, precisa de uma situação de esvaziamento. Esta situação é a infelicidade, aquela mesma que Cristo viveu e é impossível amar a Deus senão fitando a cruz de Cristo. A infelicidade é ao centro do cristianismo. A realização do mandamento de Jesus, amar a Deus e amar o próximo, passa através da infelicidade. De fato, para o primeiro o mesmo Cristo falou que ninguém alcança o Pai a não ser através dele. A função da infelicidade é a de nos permitir pensar que a criação de Deus é boa. A infelicidade nos revela a realidade e a verdade da nossa condição humana. Nessa altura é bom frisar que, segundo Weil, é impossível entender a infelicidade neste sentido que ela mesma está oferecendo sem uma referência explicita á cruz. “A única fonte capaz de iluminar a infelicidade é a cruz de Cristo. Em qualquer época, em quaisquer País, onde tiver infelicidade, a cruz de Cristo desvenda a sua verdade” (Weil, 1979, p. 200). Somente uma coisa permite assentir a infelicidade: a cruz de Cristo. É nesta perspectiva que é possível entender a verdade da esmola feita a um infeliz. Muitas vezes maus tratos e boas ações não são capazes de tirar um infeliz do anonimato. Somente aquela pessoa que, perante um infeliz, sabe transferir nele o seu ser, permite a ele sair por um breve instante da sua condição de infelicidade. Somente Cristo foi capaz disso. Neste encontro o homem habitado por Cristo transfere realmente Cristo na alma de um infeliz. “Cristo vive no infeliz faminto e nu, mas não por efeito da nudez e da fome, pois a infelicidade por si mesma não contém nenhum dom que derive do alto, mas da graça daquele ato de doação” (Weil, 1979, P. 197). Somente a presença de Cristo numa alma pode torná-la capaz da verdadeira doação. Por isso aquele que doa com verdadeira compaixão doa ao mesmo Cristo.
3.2. Formas do amor implícito de Deus
Ninguém pode pensar em ter o monopólio do amor. Não existe religião ou sociedade que possa argumentar de ser o dono do amor. Segundo Simone Weil existem formas implícitas do amor a Deus que não dependem de nenhuma forma religiosa, mas que, por outro lado, manifestam profundamente a essência do amor de Deus. “Os amores indiretos não são outra coisa que a atitude da lama orientada para o bem dos seres e das coisas daqui” (Weil, 2008, p. 165). Estas formas implícitas do amor de Deus segundo a nossa filosofa são as seguintes: o amor ao próximo e o amor para a ordem do mundo, ou seja, para a criação. Na realidade Weil aponta também como forma do amor implícito de Deus as práticas religiosas e a amizade, mas na perspectiva escolhida da nossa pesquisa analisaremos somente as primeiras duas.
O amor ao próximo como forma implícita de Deus é para Weil bastante documentado mesmo por Jesus. Ela cita mais uma vez o texto em que Jesus se identifica com os miseráveis e os pobres. Aquilo que chama atenção de Weil é que Jesus apelida as pessoas benfeitoras não de caridosas mas sim de justas. O problema nasce da separação dos dois conceitos de justiça e caridade realizado na cultura ocidental, inclusive no Evangelho que, para os gregos, não existe distinção entre a caridade ao próximo e a justiça. Porque para Simone Weil é tão importante a justiça para medir o valor do amor de Deus presente num ato de caridade? A resposta à pergunta encontramo-la se analisarmos com atenção o relacionamento entre duas pessoas de diferente nível social. Nos relacionamentos humanos nunca a pessoa que se encontra em um patamar social mais alto trata como igual aquele que é considerado socialmente inferior. A justiça, considerada pela Weil como uma virtude sobrenatural, manifesta esta qualidade sobrenatural quando num relacionamento de forças desiguais o superior trata como igual o inferior. “Quem trata de igual aquele que o relacionamento de força coloca num plano inferior faz a eles verdadeiramente dom daquela qualidade de seres humanos dos quais o ocaso tinha privado” (Weil, 2008, p. 105). Ao mesmo nível deve ser colocado o reconhecimento, o agradecimento de quem recebe o ato de caridade gratuito, pois se trata da participação da mesma virtude. É neste encontro misterioso e, de certa forma escondido, da virtude da justiça que Deus se faz presente, manifestando-se como amor. De fato, o amor quando é autenticamente proveniente de Deus se reconhece de uma maneira misteriosa quando é capaz de renunciar à própria potência. É isso que o Deus bíblico manifestou no ato da criação, que não é um ato de expansão, mas, pelo contrário, um ato de retirada, um ato de renúncia à própria potência. A criação é um ato de esvaziamento, de diminuição do próprio ser de Deus em prol das criaturas. É isso que não é humanamente concebível e nem lógico, pois se encontra no plano do amor assim como Deus o manifestou, como esvaziamento, renuncia à própria potência para que outros possam receber o ser, a vida, o amor. “Através do ato criador Deus negou a si mesmo, assim como o mesmo Cristo pediu para nós negarmos a nós mesmos” (Weil, 2008, p. 105). Por ser gratuita e para ser sinal da renúncia do próprio ser a caridade no confronto do próximo participa da mesma força criadora que esbanjou na criação. Na caridade o homem aceita diminuir a própria potência para conferir existência ao outro ser mais fraco. A caridade é, por isso mesmo, um ato criador, a manifestação da justiça de Deus, independentemente se a pessoa que realiza isso seja religiosa ou não. A caridade neste sentido é a manifestação da atenção aquilo que não é, seja isso no sentido social ou existencial. Só que na perspectiva que Weil tenta desvendar, somente Deus é o Ser capaz de pensar algo que não é para que participe do ser, da existência viva.
Somente Deus presente em nós pode realmente pensar a qualidade humana nos infelizes, dirigir para eles um olhar verdadeiramente diferente daquilo dirigido aos objetos, prestar verdadeiramente atenção á voz eles. Então eles percebem de ter uma voz; pelo contrário não teriam a possibilidade de perceber isso (Weil, 2008, p. 110).
Na perspectiva mística e existencial aberta na reflexão de Weil torna-se claro o porquê do amor ao próximo é o mesmo amor que desce de Deus, que entra no homem e isso de uma forma implícita. Em várias circunstâncias Weil polemiza contra aquelas afirmações piedosas, mas poucos evangélicas, em que se convidam os fieis a amar o próximo em Deus ou pelo amor de Deus. Quem afirma isso é porque ainda não entendeu que, em qualquer relação de caridade, é Deus quem se manifesta; em qualquer caminho de diminuição, de renúncia, de aniquilamento do próprio ser em favor de um outro, sobretudo se for mais fraco e, por isso, mais invisível, é a justiça de Deus que se manifesta. Na doação gratuita de si mesmo para outro ser desabrocha o mistério do amor de Deus.10
O amor pela beleza do mundo, pela sua ordem, é a segunda manifestação do amor implícito de Deus que Weil analisa em sua obra. O problema central é que o homem vive a perene ilusão de ser o centro do mundo e toda a realidade é filtrada a partir desta ilusão. Todo homem acha de ser o centro do universo e organiza a própria existência a partir desta ilusão. Vivemos, portanto, na irrealidade, no sonho, num centro que, na realidade, centro não é. Perceber o mundo a partir do centro ilusório do próprio sonho significa distorcer a realidade.11 O homem, a humanidade toda precisa acordar deste sonho e, para isso, deve renunciar às próprias ilusões, deve esvaziar-se do falso centro. Só assim a humanidade é em condição de acordar e perceber a realidade assim como ela é, “reconhecer que todos os pontos do mundo são centro ao mesmo título, e que o verdadeiro centro é colocado fora do mundo” (Weil, 2008, p. 119). Aceitar isso significa assentir ao reino da necessidade mecânica na matéria e ao reino da livre escolha ao centro de cada alma. Assentir a isso significa amar, pois significa aceitar a ordem do mundo, assim como ele é e, desta forma, se colocar em condições de acolher a beleza do mundo, caminho autêntico para encontrar Deus como amor. O amor pela beleza do mundo significa para Simone Weil isso mesmo: amor pela sua ordem, porque é nesta ordem que Deus se manifesta. Por isso é de estranhar que a beleza do mundo seja quase ausente na tradição cristã. A Weil cita São Francisco como exemplo de uma sensibilidade autenticamente cristã que, infelizmente, não encontro continuidade no álveo da cultura cristã ocidental.
Hoje — continua laconicamente a Weil — poder-se-ia pensar que a raça branca perdeu quase completamente a sensibilidade para a beleza do mundo e que assumiu a tarefa de apagá-la em todos os continentes em que chegou com as suas armas, o seu comercio e a sua religião (Weil, 2008, p. 121).
Como, infelizmente, são atuais estas reflexões da jovem filósofa francesa! Apesar disso a beleza do mundo permanece o único caminho que o mundo ocidental tem para se deixar penetrar por Deus. De fato, a inclinação natural da alma de amar a beleza é a armadilha mais freqüente da qual se serve Deus para atrair as almas a Ele. Antes de ser uma qualidade intrínseca do mundo, a beleza do mundo aponta para uma relação entre o mesmo mundo e a sensibilidade humana. É uma relação que deve manter constantemente a distância para não voltar ao erro inicial de querer englobar o mundo ao próprio centro, estragando desta forma a beleza do mundo. Esta, de fato, exige ser contemplada: só assim é possível captá-la como um todo. Segundo Weil os vícios, as depravações, os crimes são quase sempre tentativas de comer a beleza, tentativas de comer aquilo que precisa só olhar. “Eva foi a primeira. Se comendo uma fruta prejudicou a humanidade, a atitude contrária, ou seja, olhar um fruto sem comê-lo, deve ser o ato que salva” (Weil, 2008. p. 125). Somente contemplando a beleza do mundo percebemos que é sem finalidade pois é totalmente dom de Deus. O amor pelo luxo, típico do homem rico, e o amor pelo poder devem ser considerados como tentativas humana de modificar a relação originaria. Apesar destes impulsos serem impelidos ao mesmo sentimento do belo, aquilo que provocam é um estrago fatal a harmonia do mundo, pois a vontade do homem se substitui à vontade de Deus. A beleza do mundo como caminho do amor implícito de Deus exige uma atitude de humildade e de contemplação por aquilo que a alma encontra perante si. De fato, não se contempla senão aquilo que se ama. A busca do luxo e do poder, são sintomas claríssimos que não se ama aquilo que Deus criou e dou gratuitamente, mas sim, se pensa na possibilidade de criar algo de melhor e mais belo.
Para admirar realmente o universo, o artista, o cientista, o pensador, o contemplativo devem perfurar aquela membrana de irrealidade que o vela e o rende por quase todos os homens, quase em cada momento da vida, parecido a um sonho (Weil, 2008, p. 129).
A maioria das vezes, segundo a Weil, os homens não conseguem sair do próprio sonho, escravos das próprias ilusões, com aquela atitude doentia de ter que moldar a realidade a partir do próprio centro, da própria visão do mundo. Existe toda uma série de situações que o homem cria para render sensível a beleza do mundo. Exemplo disso é o homem que vive mergulhado no prazer, colocando o absoluto no mesmo prazer. Somente o homem que conseguiu colocar o absoluto fora do prazer pode possuir a perfeição da temperança. O mesmo podemos dizer por todas as diferentes espécies de vícios, o uso de estupefacientes, até uma certa mística falsa e outro: toda vez que o homem tenta criar um estado especial para contemplar a beleza do mundo, entra por caminhos sombrios, ficando desnorteado. Estes mesmos caminhos errados manifestam porém um dato antropológico indiscutível: o homem não busca outra coisa, ao longo da sua breve vida, que contato com a beleza do mundo, ou seja o contato com Deus. É porque o universo é belo e o podemos amar que constitui a única nossa pátria. Habitar a beleza é o sentido da nossa vida; para isso acontecer precisamos sair das nossas casas, dos nossos falsos mundos para entrarmos no único mundo verdadeiramente belo.
4. Conclusão
Simone foi uma pessoa fiel a si mesma, concentrada sobre aquilo que fazia e pensava, do começo ao fim. É sem duvida difícil ser assim e encontrar na nossa vida pessoas assim. Nela o pensamento fluía da vida e a vida provocava o seu pensamento. De onde vinha tanta força interior e tanta sede da verdade, só Deus sabe. De certo as pessoas que a encontraram e tiveram a bondade de conhecê-la tiveram a oportunidade de questionar a própria existência, e pensar se não era o caso de mudar de vida, de buscar com mais intensidade a verdade. Sobretudo, porém, das reflexões feitas acima, percebe-se que o questionamento maior que a presença de Simon Weil provocava nos seu interlocutores, sejam os amigos ou simples conhecidos, era em referência ao relacionamento com as pessoas e, sobretudo, com os mais carentes, os mais necessitados, os infelizes. O impulso impressionante que desde sempre Weil sentia de partilhar a vida dos mais pobres, não foi apenas o fruto de uma rebelião a um contexto burguês no qual ela nasceu, mas sim o desejo de dar vida, de transmitir o mesmo amor de Deus. Era isso que a Weil transmitia as pessoas que encontrava e, ainda hoje, transmite a nós leitores das suas obras.
5. Referências
Weil, Simon. L’amore di Dio. Roma: Borla, 1979
____________. Quaderni. Volume II. Milano: Adelphi, 1985
____________. A condição operária e outros estudos sobre a opressão. São Paulo: Paz e Terra, 1996
____________. La Grazia e le intuizioni precristiane. Roma: Borla, 1999
____________. Primi scritti filosofici. Genova: Marieti, 1999
____________. O Enraizamento. São Paulo: Edusc, 2001
____________. Opressão e liberdade. São Paulo: Edusc, 2001
____________. L’ombra e la Grazia. Milano: Bompiani, 2003
____________. Lettera a un religioso. Milano: Adephi 2003
____________. Lezioni di filosofia. Milano: Adelphi, 2004
____________. Quaderni. Volume IV. Milano: Adelphi, 2005
____________. Quaderni. Volume Iii. Milano: Adelphi, 2006
_____________. Quaderni. Volume I. Milano: Adelphi, 2007
____________. L’Attesa di Dio. Milano: Adelphi, 2008
Canciani, D. Simone Weil: il coraggio di pensare. Impegno e riflessione politica tra le due guerre. Roma: Edizioni Lavoro, 1996
Fiori, G. Simone Weil. La biografia interiore di na delle intelligenze piú alte e pure del Novecento. Milano: Garzanti, 1997
Perrin, J. M. — Thibon, G. Simone Weil come l’abbiamo conosciuta. Milano: Ancora, 2000
DI Nicola, G. — Danese, A. Abismos e ápices . São Paulo: Edições Loyola, 2003.
Bingemer, M. C., Simone Weil e o encontro entre as culturas. Rio de Janeiro: Puc e Paulinas, 2009.
Vattimo, G. Depois da cristandade. Por um cristianismo não religioso. Rio de Janeiro — São Paulo: Record, 2004
Bauman, Z. Amor liquido. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 2003 .
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O material das obras filosóficas da juventude da Weil se encontram em: Weil 1999. ↩︎
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“É isso que sentia desde a minha infância. Por isso é que precisei acabar indo para lá e me doía muito antes, que você não compreendesse” (Weil, 1996, p. 77). ↩︎
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Escrito no 1934, foi apresentado ao professor Alain no ano seguinte, que o avaliou como “trabalho de primeira grandeza”. Cf. Weil, 2001. ↩︎
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Estes diários se encontram coletados em Weil 1996. ↩︎
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Passou pela Alsthom, depois foi pela Carnaud, que produzia objetos de metal e, enfim entrou na Renault. ↩︎
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“Ganhei a capacidade de me bastar moralmente a mim mesma, de viver neste estado de humilhação latente e perpetuo, sem me sentir humilhada a meus próprios olhos; de provar intensamente cada instante de liberdade ou de camaradagem, como se devesse ser eterna” (Weil, 1996, p.107). ↩︎
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Cf. Weil, 2007, pp. 111,117,228, 231,317; Weil, 1985, pp. 98, 131,139,142,190, 198,204-205, 210,214,219, 221,223-229; Weil, 2006, pp. 72,191; Weil 2005, pp. 115,155,160. ↩︎
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Cf. O debate sobre o platonismo da Weil, em modo especial sobre o asunto cf. Gabellieri, E. Simone Weil: uma filosofia da Mediação e do Dom, in Simone Weil, Ação e contemplação (G. P. di Nicola - M. C. Bingemer org.), São Paulo: Edusc, 2005; ↩︎
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“Não é a carne que nos afasta de Deus: é a alma que busca esquecer a Deus, escondendo-se na carne. Não se trata, então, de fraqueza, mas sim de traição”(Weil, 1979, p. 108). ↩︎
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Sobre este tema cf. as profundas reflexões que e encontram em: Di Nicola, G. — Danese, A. 2003, em modo especial sinalizamos o Cap. VII, pp. 218-258. ↩︎
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Sobre este tema impressionante são as sintonias com a reflexão de Charles Péguy (Orléans 1873-Villeroy 1914, França). Foi militante socialista e se converteu ao catolicismo no 1908. Foi ideator e redator da revista “Les Cahiers de la quinzaine ” que fundou no 1900 e continuou até a morte. A sua produção literária compreende poesias, obras em prosa e ensaios filosóficos. Famosa foi a sua critica ao mundo moderno sobretudo pela sua incapacidade de viver o presente e camuflar a realidade. Sobre este tema cf. em môo especial: Péguy C., Note sur H. Bergson et la philosophie bergsonienne, 26 abril 1914 ; Note conjointe sur M. Descartes et la philosophie cartesienne, março-julho 1914 (publicadas postumas no 1935 pela editora Gallimard de Paris). ↩︎